Autoconhecimento Vida Cristã

O Cristão e o Lollapalooza — Geração: Gesus Miguxo

30/03/2017

Não sou a favor de ficarem ridicularizando a Priscila Alcantara por ela ter ido ao Lollapalooza. Primeiro porque ela, como já disse aqui, parece sincera quando se declara cristã, porém, é nitidamente uma pessoa mal discipulada que bebe de fontes duvidosas. Ela é carente de misericórdia e Graça reveladora. É adepta de uma fé eufórica, o que considero catastrófico de fato, por isso, oro por sua conversão, mas, ela não é o monstro em si, é efeito colateral dele.


O tipo de cristianismo que ela representa, baseado em experiências pessoais ao invés de ter como base a Palavra de Deus, é fruto do movimento Gospel dos anos 90. Um movimento que chamava meninice de mover, que ao invés da piedade pregava extravagância, que adaptava a Escritura as suas falsas revelações em nome do triunfo pessoal e do sucesso ministerial. Um evangelho estranho, aveso a ortodoxia, hostil ao que eles chamam de “religião”, amantes de um Jesus que só ama e nunca corrige, seguidores de um Cristo pop da paz, um Jesus Woodstock.

Por isso eu destaco aqui, que o problema não é ela ter ido ao tal festival, não que eu considere uma boa opção para o cristão esse tipo de evento, não. Mas, o problema principal desse episódio, é ela ter ido, nitidamente por uma questão de gosto e satisfação pessoal, e dizer que foi representar Jesus. É isso que denuncia uma confusão sobre o que de fato ela crê.

Esse evangelho estranho, sustenta uma fé em que o homem é o centro. Veja que o mais importante para essa geração é: “meus desejos, o que eu quero, a minha vida, minha personalidade, meu prazer, minha satisfação, minha felicidade”, Jesus aparece em segundo plano como um incentivador, um apoiador das nossas vontades. — É sempre Jesus me seguindo onde eu vou, não eu o seguindo e guardando Seus mandamentos. Cristo funciona como autoajuda, como meio de fazer o jovem se sentir bem consigo mesmo, confortável em sua própria pele. Nunca como um confronto, um chamado ao autoexame, uma pedra de tropeço, um contraste que revela nossas misérias, a Luz que revela a nossa treva.

Acho que é nisso que está o problema, o foco está no “EU”, o que Tiago Cavaco chama de “Big Me.” – (livro: Cuidado com o Alemão – Edições Vida Nova) — Não se trata do que Ele quer de mim, e sim do que eu quero Dele. Se Ele me confronta, não é Ele, é a religião; se Ele me exorta, não é Ele, são os fariseus; porque afinal de contas, “eu” sou a causa para que a obra de Deus aconteça.

Não amiguinho! Você não é a causa pra que a obra de Deus aconteça, você é mera ocasião. O Centro, o foco, o objetivo é Cristo, por isso, não importa ser feliz, importa ser santo e, isso dói, porque exige renúncia.

Carregar sua cruz é andar pela via dolorosa. Negar a si mesmo é colocar as suas vontades em segundo plano. E nesse caminho de exercício diário o qual Cristo nos convida trilhar, acaso queiramos segui-Lo, nem sempre a gente fica feliz, nem sempre a gente ganha.

“Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo Evangelho salva-la-á!” – Marcos 8:35

Esse evangelho estranho que impera nessa geração, divinifica a natureza humana como se o coração do homem não fosse um poço de idolatria e corrupção, com isso, antes mesmo de negarem a Cristo como salvador, eles negam a condição de pecador necessitado. Afinal, se eu não sou um pecador miserável por que preciso de um Salvador? Se eu sou “do bem”, só preciso de um camarada pra colocar minha vida no eixo pra eu ser feliz. Por isso, pra essa “galera”, Jesus é um amiguxo maneiro, não um Senhor de quem somos escravos, servos inúteis, quando o máximo que fazemos é apenas o que nos é ordenado.

Entendo que por ela se expor como referência de “vida cristã” a repercussão sobre o que ela faz é uma consequência, mas ainda assim acho que vale lembrar que ela é apenas uma menina confusa crendo em um evangelho estranho, que não foi ela que inventou. Ela necessita de conversão, por isso, ao invés de ataca-la, ore por ela.
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Ps: Sou totalmente contra ”cantores gospel” serem tratados como ministros – pregadores do Evangelho, quando nitidamente tudo o que sabem fazer é apenas cantar, alguns, nem isso.


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