Cosmovisão Vida Cristã

Gnósticos não são Cristãos – Prática velha em dias modernos

18/01/2017

Apesar de antigo e aparentemente distante, o Gnosticismo ainda hoje tenta se misturar ao Cristianismo e, tem confundido muita gente desavisada, que na ânsia de querer ”saber muito” está adentrando por porta larga sem entender praticamente nada.


Basicamente o Gnosticismo é definido como: qualquer conhecimento místico das verdades divinas e transcendentes que se referem à condição espiritual do ser humano; movimento religioso de caráter sincrético e esotérico, desenvolvido nos primeiros séculos de nossa era à margem do cristianismo combinando misticismo e especulação filosófica. Esse sistema religioso combinava alguns elementos da Astrologia e mistérios das religiões gregas com as doutrinas do Cristianismo, por vezes distorcendo-as e formulando heresias que inclusive foram fortemente combatidas pelos Apóstolos João e Paulo. — Uma leitura da Escritura, prestando atenção redobrada aos escritos de ambos, deixa claro os principais pontos que definem um ensino como herético. Os textos de Nag Hammadi, biblioteca que apresenta os evangelhos apócrifos, como por exemplo o de Tomé, são (por alguns) considerados parte de um ”gnosticismo cristão”, o que na prática significa parte de uma heresia já que os gnósticos deturpavam princípios básicos e essenciais do Cristianismo. Gnosticismo se origina da palavra grega gnosis, a qual significa “saber”. Para os gnósticos antigos, a gnosis existia no âmbito da cosmologia, do mito, da antropologia e da prática usada dentro de seus grupos. Assim, a gnose não era apenas a iluminação, mas, viria acompanhada por uma compreensão. Eles afirmavam que o mal é a ignorância, porque esta afastaria o Homem de conhecer as dádivas colocadas à sua disposição pelas leis metafísicas do Universo. Uma vez que no apócrifo de Tomé há uma afirmação de que o Reino estaria tanto dentro, como fora dos homens, ainda hoje os gnósticos que misturam suas práticas ao Cristianismo, defendem que lá no fundo da alma humana Deus está, e, que se a ignorância do homem o afasta dessa busca profunda no próprio ser, então ela representa o mal, já que o mal é o que distancia o homem de Deus. Os gnósticos se enxergam como uma classe privilegiada e mais elevada sobre todas as outras devido ao seu suposto conhecimento superior e mais profundo de Deus. São caracterizados por nutrirem a crença de que possuem tal conhecimento mais elevado, não da Escritura, mas uma profundidade, um entendimento, uma intimidade, um conhecimento adquirido por algum plano místico e superior de existência. Acreditam que o conhecimento intelectual é libertador, ou seja, atribuem a redenção do homem ao conhecimento humano. Quanto mais o homem conhece, mais perto de Deus ele chegará.

O contraste com o Cristianismo está no fato de que quando Cristo veio Ele disse que só existe uma única Verdade, Ele. Não há fora Dele conhecimento elevado que resuma o Universo, nem os astros e as estrelas, toda Criação e seu proposito estão explicadas na Pessoa Dele, o Logos divino.

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. – Romanos 11:36

Deus se revelou aos homens de três formas: através da Natureza, dos Profetas (Escritura) e através de Seu Filho Jesus, na Pessoa de Cristo encarnado. Sendo Jesus a revelação máxima e a Escritura o registro totalmente inspirado pelo Espírito Santo, a Natureza é sujeita a ambos. Logo, nenhuma forma que use a Natureza como fonte de revelação se torna relevante ou mesmo necessária para um cristão, pois, a Escritura já confirma a revelação máxima de Deus aos homens.

Para aqueles que ainda assim questionam a Escritura como sendo a Palavra de Deus, o próprio Jesus considerou a Lei (contida no Pentateuco, cinco primeiros livros bíblicos) como realmente escrita por Moisés, inspirada por Deus e normativa para Sua própria vida e Seu ministério. Ele a defendeu firmemente como sendo a Palavra de Deus (Mt.5:18-19), não a revogou, mas, cumpriu (Mat.5:17) e, trouxe boas novas (Lc.4:18), reafirmando que a escrita inspirada pelo Pai, Deus Criador, é fonte fidedigna de revelação. Os Evangelhos e epístolas apostólicas são igualmente inspirados e, registram a vida/obra/palavra do Filho em cumprimento da Palavra da Pai revelada e anunciada pelos profetas. Portanto, a Escritura é inegavelmente a Palavra de Deus.

“Ora, para que passassem da morte para a vida, foi-lhes necessário conhecer a Deus não apenas como Criador, mas ainda como Redentor, de sorte, que chegaram seguramente a um e outro desses dois conceitos à base da Palavra […]

Deus, o Artífice do universo, se nos patenteia na Escritura, e o que dele se deva pensar, nela se expõe, para que não busquemos por veredas ambíguas alguma deidade incerta. […] Pois, por meio de sua Palavra, Deus fez para sempre com que a fé não fosse dúbia, fé está que houvesse de ser superior a toda mera opinião. […] Portanto, por mais que ao homem, com sério propósito, convenha volver os olhos a considerar as *obras de Deus, uma vez que foi colocado neste esplendíssimo teatro para que fosse seu espectador, todavia, para que fruísse maior proveito, convêm-lhe, sobretudo, inclinar os ouvidos à Palavra.” – (*obras de Deus = Criação. – João Calvino, Institutas Vol. I, pág.72)

O cristão convicto crê que sua vida é completamente submetida a Cristo, incluindo seu entendimento – inteligência, portanto, crê que todo conhecimento está sujeito a Escritura. O saber do homem deve estar humilhado diante do Pai, por amor. Pois, a Soberania do Criador deve ser reconhecida em todas as áreas da nossa existência, que inclui nosso intelecto. Cristo disse que o maior dos mandamentos é: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento. Este é o primeiro e maior mandamento.” (Mateus 22:37-38)

O próprio Apóstolo Paulo, um homem sábio, instruído, que estudou aos pés de Gamaliel, diferente dos demais discípulos chamados pessoalmente por Jesus que eram iletrados (incultos – de pouca cultura e instrução. Atos 4:13),  inúmeras vezes em suas cartas, humilha sua sabedoria humana perante a mensagem que é superior a tudo e todos, a mensagem da Cruz: “Porquanto Cristo não me enviou para batizar, mas para proclamar o Evangelho; não por meio de palavras de sabedoria humana, para que a cruz de Cristo não seja esvaziada.” (ICor.1:17) — Na sequencia do contexto de I Corintios 1, Paulo traz uma afirmação importante em relação a como Deus escolheu se revelar aos homens simples, por vezes desprezados pelos sábios deste mundo. Vejamos:

Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão sendo destruídos, porém para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus. Porquanto está escrito: “Destruirei a sabedoria dos sábios e rejeitarei a inteligência dos homens cultos”. Onde está o sábio? Onde está o homem culto? Onde está o questionador desta era? Acaso não tornou Deus completamente insensata a sabedoria deste mundo? Considerando que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana, foi do agrado de Deus salvar os que crêem por intermédio da loucura da proclamação da sua mensagem. Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos procuram sabedoria; nós, entretanto, proclamamos a Cristo crucificado, que é motivo de escândalo para os judeus e loucura para os gentios. Todavia, para os que foram convocados, tanto judeus como gregos, Cristo é o poder de Deus e sabedoria de DeusPorquanto a insensatez de Deus é mais sábia que a sabedoria dos seres humanos, e a fraqueza de Deus é mais forte que todo o poder dos homens. Irmãos, contemplai a vossa vocação! Pois não foram convocados muitos sábios, de acordo com critérios humanos, nem muitos poderosos, nem tampouco nobres. Pelo contrário, Deus escolheu justamente o que para o mundo é insensatez para envergonhar os sábios, e escolheu precisamente o que o mundo julga fraco para ridicularizar o que é forte. Ele escolheu o que do ponto de vista do mundo é insignificante, desprezado, e o que nada é, para reduzir a nada o que é, com o objetivo de que nenhuma pessoa se vanglorie perante Ele. Somos de Deus em Cristo. Portanto, vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se tornou para nós sabedoria da parte de Deus, justiça, santificação e redenção, a fim de que, como está escrito: “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor”. I Cor.1:18-31

Reconhecer nossa total incapacidade de conhecer a Deus sem sua Graça implica em inteligência humilhada. Segundo o reverendo Jonas Madureira para conhecermos a Deus precisamos de duas graças: a graça da revelação e a graça da capacitação. Precisamos que Deus se revele e que Ele nos capacite a ver e entender sua revelação.

No livro X das Confissões, Agostinho de Hipona revela a consciência de sua completa nudez e humilhação diante de Deus. Esse fato é ressaltado quando o autor comenta sobre o abismo da consciência humana, conhecida por Deus somente e sobre a necessidade de iluminação vinda de Deus para se conhecer. Ao confessar a sua completa dependência de Deus no caminho do conhecimento, Agostinho reconhece que até o próprio conhecimento que tem de si mesmo, é fruto da iluminação do Espírito Santo. É Deus que ilumina suas trevas e concede a graça de conhecer o que antes ignorava. Estar patente diante de Deus, então, o leva ao processo das confissões, ora faladas, ora escritas, mas sempre diante de Deus. Todo o desenvolver dos seus argumentos e as percepções da sua consciência estão diante de Deus. “Que eu te conheça, ó conhecedor de mim, que eu te conheça, tal como sou conhecido por ti” — a partir dessa esperança e firme fundamento, o autor desenvolve a sua argumentação sobre o conhecimento de Deus e de si mesmo. Segundo Agostinho, tal conhecimento é consequência direta da ação sobrenatural de Deus em possuir a sua alma, dilatando sua mente para perceber Deus (iluminação), levando-o a prática da confissão diante de Deus e dos homens.

O único conhecimento capaz de libertar o homem, é o conhecimento da Verdade, que é Cristo. Muitos se apegam ao versículo que diz: “…e conhecereis a Verdade e ela vos libertará”, mas, ignoram o contexto completo que diz:

Então, disse Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se permanecerdes na minha Palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. – João 8:31-32

Há uma priori importante: . Jesus está se dirigindo aos judeus que Nele creram. Há uma condição: permanência na Palavra. Cristo diz aos judeus que creram Nele que “se” eles permanecessem na Palavra Dele, naquilo que Ele pregava (Escritura), verdadeiramente seriam seguidores de Cristo, discípulos, cristãos. Há então uma promessa aos verdadeiras discípulos: “conhecer a Verdade e por Ela serem libertos”. Jesus diz que quem crê permanece na Sua Palavra, verdadeiramente se torna um discípulo e, então conhecerá a Ele e, por Ele será liberto. — É o conhecimento de Cristo que liberta o homem, e isso só é possível pela fé, que é Graça.

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. — Efésios 2:8

Na busca em conhecermos a Deus, podemos chegar confiando em nossa própria razão, colocando nossa mente acima de tudo ou colocar a revelação de Deus, a Escritura, acima da nossa limitação de ser finito.

Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que levam à perdição, e muitos são os que entram por esse caminho. Porque estreita é a porta e difícil o caminho que conduzem à vida, apenas uns poucos encontram esse caminho! Acautelai-vos quanto aos falsos profetas. Eles se aproximam de vós disfarçados de ovelhas, mas no seu íntimo são como lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis. É possível alguém colher uvas de um espinheiro ou figos das ervas daninhas? Assim sendo, toda árvore boa produz bons frutos, mas a árvore ruim dá frutos ruins. A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim produzir bons frutos. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e atirada ao fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo aquele que diz a mim: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no Reino dos céus, mas somente o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos dirão a mim naquele dia: ‘Senhor, Senhor! Não temos nós profetizado em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios? E, em teu nome, não realizamos muitos milagres?’ Então lhes declararei: Nunca os conheci. Afastai-vos da minha presença, vós que praticais o mal. Assim, todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem sábio, que construiu a sua casa sobre a rocha. E caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e bateram com violência contra aquela casa, mas ela não caiu, pois tinha seus alicerces na rocha. Pois, todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia. E caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e bateram com violência contra aquela casa, e ela desabou. E grande foi a sua ruína”. – Mateus 7:13-27

  • É certo que nenhum cristão deve privar-se do conhecimento intelectual, cuidando sempre para não flertar com práticas que Deus condena, defendidas e ensinadas por gnósticos. A Escritura ensina que não devemos ter relações com práticas ocultas (horóscopos e astrologia), pois, todas envolvem tentativas místicas de prever o futuro (o que Bíblia rejeita: Is.47:13-14). Lembrando que astronomia não é astrologia, ambas têm a mesma origem, porém, a ciência se distinguiu da mistica a partir do século XVI. Então, uma usa métodos científicos para observar as atividades dos corpos celestes e descobrir sua relação com a movimentação material da terra (astronomia). A outra, estuda o deslocamento deles e relaciona com a conduta moral dos homens (astrologia). Ou seja, qualquer prática que relacione a posição dos astros e dos signos do zodíaco em relação à Terra para trazer uma representação das nossas potencialidades, traços de personalidade e tendências futuras, é considerada pela Escritura como ocultismo, portanto, não permitida aos cristãos. — Vale ressaltar que os três reis magos citados nos Evangelhos, que seguiram a estrela até o local do nascimento de Cristo, eram estudantes das estrelas, estudavam os céus como hoje fazem os astrônomos. A Escritura se refere a práticas ocultistas, astrologia, aquela busca prever o futuro e desenhar perfis, usa os astros como fonte de revelação. Uma pessoa ou mestre, que se diz cristã, mas, busca respostas por meio de “mapa astral” por exemplo, está em rebeldia.




Você pode gostar também