Diário de Um Feto

Filhos do Trauma – Aborto em Caso de Estupro

02/12/2016

Toda vez que o assunto da descriminalização do aborto ressurge, os casos de gravidez em decorrência de estupro passam a ganhar o centro da discussão. É praticamente impossível falar de aborto sem que a mulher, vítima do trauma, seja usada como álibi do posicionamento favorável a legalização do crime. Inclusive, é um dos maiores trunfos dos militantes pró-aborto, eles usam o trauma da vítima para sensibilizar as pessoas à se posicionarem em favor da descriminalização em qualquer circunstâncias. Foi exatamente assim que as feministas americanas, em 1973, conseguiram legalizar o aborto diante do Supremo Tribunal dos Estados Unidos. O famoso caso ficou conhecido como: “Roe x Wade“. Nesse caso, “Jane Roe” afirmou buscar uma operação de aborto quando ficou grávida depois de ser violentada por vários homens. Anos mais tarde, Norma McCorvey, a mulher que usou o nome de “Jane Roe”, reconheceu que suas advogadas feministas inventaram toda a estória do estupro. Ela não conseguiu mais esconder a verdade porque se converteu ao Cristianismo. Hoje ela conta:

Fui uma boba que fiz tudo o que os promotores do aborto queriam. Na minha opinião, pode-se afirmar sem sombra de dúvida que a indústria inteira do aborto está alicerçada em mentiras. [1]

Então, o caso judicial de estupro usado para legalizar o aborto nos EUA foi uma fraude. Infelizmente, foi essa mentira que deu início a ”cultura da morte” naquele país. Estima-se que há uma média de 3 abortos por minuto, 180 por hora, 4.320 por dia, 30.240 por semana, 1.576.800 abortos por ano em solo americano. Hoje, as clínicas de aborto se tornaram um mercado que movimenta bilhões, são motivadas pelo lucro não apenas do procedimento em si, mas, com a venda de tecidos humanos. Não é segredo pra ninguém o escândalo envolvendo a maior multinacional do aborto: Planned Parenthood, que foi flagrada vendendo partes e orgãos dos bebês abortados nos EUA.

No Brasil, segundo o Código Penal, há duas situações previstas no art. 128 que autorizam “dar cabo à vida intrauterina”. A primeira é apenas quando não há outro meio de salvar a vida da gestante, nesse caso não se pune o aborto praticado pelo médico. A outra:

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

Ou seja, o aborto em caso de estupro já não é mais uma discussão do ponto de vista jurídico aqui no país, visto que a lei tende a não punir uma mulher que sendo vítima de estupro, busque ajuda devida em um hospital para interromper a gravidez. A vítima pode realizar o procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Porém, muita gente ainda insiste incluir essa questão na discussão, alguns por ignorância, outros obviamente, como tentativa de sensibilizar a opinião pública para forçar a legalização da prática em qualquer circunstâncias. Diante disso, muitos cristãos acabam ficando em cima do muro por medo de serem acusados de insensíveis, e por vezes acabam relativizando o valor da vida em nome de uma “sensibilidade superficial”, carregada de ideologia política. — Existem pontos importantes a serem relevados para que isso não ocorra.

O cristão precisa ser: sal e luz (Mateus 5:13-16). Fazer a diferença neste mundo para que as pessoas encontrem a redenção e, o único meio é através de Jesus Cristo. Logo, posicionar-se a favor do aborto como solução para o trauma do estupro, não faz sentido algum para um cristão conservador. Independente das brechas na lei, interromper uma gradivez é tirar uma vida, um ato de violência, um trauma. E a violência não pode ser resolvida com mais violência, um trauma não pode trazer cura a outro trauma. Pelo contrário, pode agravar.

Além dos danos causados às trompas por possível infecção pós-aborto, que causam infertilidade (em 18 % das pacientes), o aborto pode provocar uma série de complicações. A prática do aborto criou ainda novas enfermidades como a síndrome de Asherman e complicações tardias, que poderão provocar necessidade de histerectomia (extração total do útero). Mas, dentre todos os problemas, o mais grave é a hemorragia, que transforma a nova gravidez em gravidez de alto risco, podendo levar ao óbito. Ou seja, independente do abortamento ser legalizado, ou não, os métodos abortivos são traumáticos e trazem sérias consequências à mulher.

Muito mais do que conseqüências físicas, o aborto pode provocar danos psicológicos para a mãe. O Dr. David Reardon, especialista em ética biomédica, pesquisador e diretor do Instituto Elliot de Pesquisa das Ciências Sociais, co-editor do livro: “Vítimas e Vitoriosas”, publicou em pesquisa recente, que o aborto impede as vítimas de estupro de se recuperar. Diferente do que a militância feminista afirma, sua pesquisa conclui que a maioria das mulheres que engravidam após estupro: não querem abortar, e, ficam pior depois de fazer o aborto. — Durante um período de 9 anos, o Instituto coletou o depoimento de 192 mulheres que engravidaram como conseqüência de estupro ou incesto. Nessa pesquisa, há também o testemunho das crianças concebidas nessas circunstâncias.

Apesar do trauma e, da violência em que os filhos foram concebidos, na pesquisa, a maioria das mulheres fizeram a opção pela vida. O Instituto Elliot constatou que 73% das vítimas de estupro escolheram dar a luz aos seus bebês. Em 1981, a Dra. Sandra Mahkorn conduziu a única importante pesquisa anterior de vítimas de estupro que engravidaram. De modo semelhante, ela constatou que de 75% a 85% das vítimas de estupro escolheram dar vida a seus filhos. A pesquisa mostra que praticamente todas as mulheres que realizaram um aborto lamentaram a decisão. Por outro lado, as mulheres que escolheram dar a luz, sentiram-se felizes por terem seus filhos. “Agradeço a Deus pela força que Ele me deu para atravessar os momentos difíceis e por toda a alegria dos bons momentos”, disse Mary Murray, que teve uma filha concebida num estupro.

Jamais lamentarei o fato de que escolhi dar vida à minha filha. – Murray

Da mesma forma, os homens e as mulheres concebidos em situações de estupro e/ou incesto elogiaram suas mães pela opção de tê-los. “Cristo ama todos os Seus filhos, até mesmo os que foram concebidos nas piores circunstâncias”, diz Julie Makimaa, cuja concepção ocorreu quando sua mãe foi estuprada.

Afinal, não importa como começamos na vida. O que importa é o que faremos com nossa vida. – Makimaa

O estupro é sem dúvidas um dos maiores atos de violência que alguém pode sofrer, é certo que homens, principalmente meninos, também são vítimas da violência sexual, mas, a mulher, além de ser vítima, corre o risco de gerar um filho do trauma. Por isso, toda mulher automaticamente se coloca no lugar da vítima. Aliás, de forma geral, parece que é desconfortável posicionar-se a favor do nascimento de uma criança gerada em meio a violência sexual. Isso faz com que ”os filhos do trauma” sejam  a minoria mais desprezada, e porque não dizer: odiada, do mundo. A própria lei lhes vira as costas.

Os movimentos pró-aborto, geralmente encabeçados por coletivos feministas financiados por instituições internacionais que promovem a ”cultura da morte”, usam de forma fria e desumana o trauma sofrido pelo estupro, para forçar o aborto como solução, ignorando a adoção como uma oportunidade de vida para o bebê, e, uma opção menos traumática para a mulher.

Um cristão acredita que cada indivíduo tem o seu valor. Não importa se tem sete anos, vinte, treze, ou se ainda está dentro do ventre de sua mãe. A vida é um dom de Deus. Há milhares de pessoas que têm essa convicção nessa geração, porém, as militâncias políticas ”progressistas”, parafraseando C.S. Lewis: ‘‘progressista em direção a quê?” – pois na prática não representam progresso algum; não se cansam de fazer barulho e, têm por vezes calado a voz de quem se importa. Mas,  é preciso se manifestar e deixar que outras vozes sejam ouvidas. Todo cristão precisa ficar atendo a isso, lembrar que a prática do aborto, além de promover a desvalorização da vida, é também um ato de extrema violência, não apenas contra o corpo da mulher, mas, também contra a vida que será interrompida.

Existem inúmeros casos de mulheres que mesmo tendo a opção de abortar fizeram a difícil escolha de dar a luz aos filhos do trauma. Na maioria das vezes elas criam seus filhos e, se tornam militântes em favor da vida. Um exemplo de coragem, fé e amor.

É uma questão extremamente difícil, delicada, mas, que carece de nossas orações. Assim como da nossa atuação, tanto em suporte às vítimas, como em defesa do inocente. Não fique constrangido em posicionar-se em favor da vida. O amor não pode esfriar.

Devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará, mas aquele que perseverar até o fim será salvo. Mateus 24:12,13

[1] Cf: http://cwfa.org/library/life/1999-12_pp_a-history.shtml 


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