Cosmovisão Vida Cristã

Não Negocie sua Fé em nome da Política

08/02/2017

Tive amizade com um ateu entre 2007 e 2010, depois nunca mais tive notícias. O cara era tão convicto de seu ateísmo que escrevia livros para sustentar sua tese, ele dizia que eu era uma futura ateia, até hoje não sei porque, talvez fosse um sinal de que havia fé nele. Acontece que minhas conversas com ele acabaram me levando a ser  uma cristã ainda mais convicta e apaixonada pela Escritura, posso dizer que essa amizade me incentivou a estudar ainda mais sobre minha fé e, foi importante para meu amadurecimento cristão. Isso não muda o fato de que o ateísmo continue sendo uma forte expressão da hostilidade do homem contra Deus, nem que eu deva ser mais flexível ao ateísmo, não é mesmo?


A questão é que podemos ser despertados para a fé através de qualquer coisa, as vezes uma amizade sem sentido como a minha com um ateu, ou através de sistemas de pensamentos extra-Bíblico, política, correntes religiosas, filosofia, enfim, mas, isso não tornará qualquer coisa em verdade, qualquer coisa não se tornará ”pró Cristo”, ou será o mesmo que o Evangelho de Cristo só porque te despertou para fé. Até mesmo porque, ser despertado para fé difere de possuir fé, já que essa é dom divino, segundo a Escritura ela vem pelo ouvir da Palavra de Cristo e, sabemos que essa palavra não é relativa, é absoluta. (Ef.2:8 – Rm. 8:17)

O Evangelho não se trata de amizades ou coligações políticas, mas sim de Verdade. Cristo disse disse:

Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á. – Mateus 10:34-39

Se nosso maior inimigo fosse um sistema político, Cristo teria citado o ”Império Romano” ao invés de usar o exemplo de convivência familiar que aponta para relações próximas, amizades. Dizer para alguém que te trata bem, que come com você, que está ao seu lado que ele está em desacordo com o Evangelho, mesmo que seja dito com amor e carinho, pode gerar inimizade.

Não negocie sua fé em nome de amizades ou da “luta contra o marxismo”, por exemplo. Pregue a Palavra em tempo e fora de tempo (II Tm.4:2), mesmo que isso custe sua vida. É nisso que está nosso amor por Ele.

Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor. – 1 Coríntios 13:13

É cada vez mais comum vermos jovens protestantes ignorando princípios importantes da profissão de fé e conceitos primordiais da cosmovisão reformada, em nome de uma união política, ou seja, estão adotando a política como sua religião.

Em vídeo, o reverendo Augustus Nicodemus Lopes fala sobre O Problema do Ecumenismo e destaca que de vez em quando vê evangélicos no facebook ou no twitter, ”seguindo padres, bispos católicos e achando maravilhoso o que aquelas pessoas escrevem.” Segundo ele, não significa que ”eles não podem escrever coisas boas, eles escrevem coisas boas, mas, o que o evangélico precisa saber é que existe uma diferença fundamental na questão da justificação do pecador entre o pensamento reformado e o pensamento católico, eles são absolutamente incompatíveis. Pra resumir, no pensamento reformado nós adotamos o que é chamado de monergismo, no pensamento católico você tem o sinergismo. É incompatível, um exclui o outro completamente.” — Porém, em nome dessa união política muitos têm negado seus princípios de fé porque vêem no marxismo cultural um inimigo comum. Estão perdendo a identidade cristã e moldando-se a um padrão político intitulado de ”direita conservadora”. Muitas vezes esses jovens têm se comportado exatamente como a mente revolucionária que tanto criticam, como se o conceito de justiça pertencesse a uma classe de iluminados, de visionários capazes de exercer o juízo sobre todas as estruturas e/ou pessoas e grupos que diferem daquilo que defendem.

No livro: Contra idolatria do Estado, do reverendo Franklin Ferreira, ele diz que nós cristãos temos ”a liberdade — que mesmo os melhores entre os incrédulos não têm — de criticar qualquer sistema político, qualquer ideologia”, pois, o fazemos ”com base na crença de que somente o Senhor Deus tem o direito de comandar todas as esferas da sociedade”.

Embora seja ”da opinião de muitos que o negócio principal do Cristianismo deveria ser preocupar-se com questões morais e valores humanos: denunciar a mentira, o roubo e o adultério e todos os pecados individuais semelhantes e, ao mesmo tempo, encorajar pessoas a perdoarem a seus inimigos, a amarem e a serem boas umas com as outras. Se essa for nossa impressão, tomaremos um choque, quando abrirmos pela primeira vez as páginas da história de Lucas e lermos por nós mesmos seu registro dos primeiríssimos sermões que os cristãos pregavam. Eles não se preocupavam em denunciar pecados individuais, nem em encorajar as pessoas a desenvolverem virtudes dignas. Isso não significa que os primeiros cristãos eram indiferentes às questões éticas e os valores morais humanos: as cartas que os Apóstolos escreveram aos seus primeiros convertidos estavam cheias de tais instruções morais. O registro de Lucas mostra que a aparente falta de interesse dos primeiros cristãos pelos pecados individuais ocorria, porque estavam ocupados com um pecado em particular, de esmagadora importância. A ressurreição de Cristo havia demonstrado que Ele era (é) o Filho de Deus em poder; e a inevitável implicação assustava: Israel havia crucificado seu Messias enviado por Deus; os seres humanos haviam matado a Fonte de sua vida (3:15); a humanidade havia assassinado seu Criador. A crucificação de Cristo, como os primeiros cristãos a viam (baseando-se na Bíblia), era a pura violência humana contra Deus: um esforço combinado tanto por judeus como por gentios para rejeitar o constrangimento e as alegações de Deus sobre eles (4:23-31).

Isso não é exagero. A cruz de Cristo diagnostica qual é o problema básico do mundo inteiro em todos os tempos. Não é a hostilidade do homem para com o homem: esse é apenas um sintoma secundário. É a hostilidade do homem para com Deus. A crucificação do Filho de Deus foi somente o cone de um vulcão por meio do qual, em um determinado tempo e lugar na história, entrou em erupção aquele ressentimento e rebelião profundos contra Deus que, desde a primeira vez em que o homem pecou, queimava lentamente no coração de todos, religioso ou irreligioso, antigo ou moderno.

A parábola dos trabalhadores da vinha (Lucas 20:9-18), que nosso Senhor contou primeiramente contra os líderes religiosos de seu tempo, salienta o mesmo ponto. O mundo em que vivemos tem um Proprietário Pessoal, e não somos nós! Somos apenas inquilinos e mordomos. E o herdeiro da vinha é o Filho do Proprietário.

Porém, as pessoas não estão contentes com a condição de inquilinas. Elas vivem como se não houvessem senhorio algum. Ou, se houvesse um senhorio, elas vivem como se ele não tivesse nenhum direito de esperar qualquer tributo de amor, obediência, devoção e serviço da parte delas. Elas agem como se a elas pertencesse a propriedade livre de sua própria vida, como se o mundo pertencesse a elas. Elas não possuem nenhum amor pelo Filho do Proprietário, para quem, de fato, o universo foi feito, que fora o agente em sua criação, é mantenedor de sua estabilidade atual, e é seu redentor e restaurador final (Colossenses 1:16-20; Hebreus 1:1-3)” — [A Definição do Cristianismo, David Gooding e John Lennox.]

Então, se você acha que ser conservador é o mesmo que ser cristão, está na hora de parar de hipocrisia e se converter verdadeiramente a Cristo. O papel do cristão não é ser um moralista hipócrita que vive a apontar os pecados individuais dos outros enquanto ignora os seus. O problema em confundir fé com politica é que as pessoas abraçam os conceitos pela metade. Do mesmo modo que a Escritura fala sobre homossexualidade por exemplo, também fala da lascívia, prostituição, fornicação, bebedeiras, coisas que héteros praticam e que muitos jovens que se dizem cristãos por terem abraçado o conservadorismo político, têm praticado também. Ser cristão é antes de tudo proclamar que todos nós pecamos ao nos rebelar contra Deus e que somente através da Pessoa de Cristo podemos resolver isso. É reconhecer Cristo Jesus como Senhor e viver de acordo com Sua Palavra, não apenas naquilo que nos é conveniente, mas, em tudo aquilo que nos é ensinado. Não seja “de direita” acima de ser cristão, mas, seja conservador por conta do seu Cristianismo.

O meu conservadorismo é baseado na minha cosmovisão, que é baseada na minha fé, por isso, jamais deixaria de defender o que prezo por uma ideologia política. Minha fé e meus valores não estão em negociação, principalmente por movimentações de uma política caricata que seja de esquerda ou de direita, acaba apresentando posicionamentos extremos que contrastam com a fé cristã em essência, em prática e em verdade.

Intolerância é falta de condescendência. O Apóstolo Paulo chama atenção para que em nós ”haja o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” – (ver. 5). Aquele que tendo forma de Deus não teve a usurpação de ser igual a Deus, antes esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; ”E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” Filipenses 2:6-8 — A única coisa que posso fazer é obedecer e ser fiel a Sua Palavra. O que os demais fazem e porque fazem, não é problema meu. Não considero-me superior a ninguém mas tenho Jesus Cristo como Senhor, e a Soberania de Deus como alicerce para me reconhecer como miserável. — Soli Deo Gloria!



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