De forma bem simples, creio que seja porque elas vêem o movimento como sua religião. Nancy Pearcey em seu livro “Verdade Absoluta” (pag.45), diz que: “Todo sistema de pensamento inicia-se em algum princípio último. Se não começa com Deus, começa com uma dimensão da criação — o material, o espiritual, o biológico, o empírico ou o que quer que seja. Algum aspecto da realidade criada será “absolutizada” ou proposta como base e fonte de tudo o mais — a causa não causada, o existente por si mesmo. Para usar linguagem religiosa, esta realidade última funciona como o divino, se definirmos o termo com o sentido de uma coisa da qual todas as outras dependem para existir. Esta pressuposição inicial tem de ser aceita pela fé e não por raciocínio prévio. (caso contrário, não é de fato o ponto de partida supremo para todo raciocínio; logo, temos de continuar procurando algo para começar dali)
Neste sentido, diríamos que toda alternativa ao cristianismo é uma religião. Pode não envolver ritual ou cultos de adoração, todavia, mesmo assim, identifica algum princípio ou força na criação como a causa auto-existente de tudo. Até os não-crentes mantêm alguma base de existência última, que funciona como ídolo ou falso deus. É por isso que os “escritores da Bíblia sempre tratam o leitor como se já acreditasse em Deus ou em algum deus substituto”, explica o filósofo Roy Clouser.* A fé é uma prática humana universal, e senão for dirigida a Deus será dirigida a outra coisa.
“A necessidade de religião parece estar implementada na forma de dispositivo permanentemente gravado no ser humano”, escreve o filósofo John Gray (embora ateu, ele lamenta o fato). “Com certeza, o comportamento dos humanistas seculares apóia esta hipótese. Os ateus têm um envolvimento emocional tanto quanto os crentes. Em geral, eles são mais austeros no que concerne à intelectualidade.”²” Em suma, não é como se os cristãos tivessem fé, ao passo que os secularistas fundamentassem suas convicções somente em fatos e na razão. A própria secularidade está fundamentada em crenças básicas, da mesma maneira que o cristianismo.” |
Elas já interiorizaram o movimento feminista como o conjunto de pensamento que lhes revela a verdade. A cosmovisão de mundo que elas abraçam é moldada através do olhar feminista. Não há possibilidade para elas, de ler a realidade sem que usem a lente dessa ideologia. Mesmo que por diversas vezes a História, os fatos, exemplos, estatísticas e relatos revelem o oposto da narrativa feminista. Elas escolheram crer no feminismo.
É bem por isso que toda vez que alguém critica o feminismo elas se enfurecem e, quase como um dogma, questionam o porque generalizar o feminismo (tendo ele várias vertentes), quando não se generaliza o Cristianismo tendo o mesmo também inúmeras vertentes? Elas alegam que é injusto julgar o movimento baseando-se no radicalismo de alguns coletivos feministas, visto que não se julga o Cristianismo com base nos maus cristãos.
O que elas não compreendem é que o Cristianismo contém um conjunto de regras de fé e conduta, que moralizam o homem. A Escritura é considerada a base da fé cristã, é nela que está contido o que define o Cristianismo. É dela que sai o princípio do credo apostólico que é universal (católico). No sentido de que embora existam divergências doutrinárias: costumes e ritos, a essência é una. O que define o Cristianismo é algo básico: O ser humano é pecador. Cristo é Deus e, Espírito – O Filho morre e ressuscita em favor do homem para religá-lo ao Pai. – Cristo é a salvação (libertação) dos homens. Ponto. — Toda a Escritura está sistematicamente amarrada a isso. Ainda que a partir disso criem-se (e isso ocorre desde o primeiro século como as cartas paulinas já denunciavam), seitas que tragam ensinos que deturpam o Cristianismo, existe um princípio básico, oras! Esse princípio irá moldar a ética do cristão, aliás, é ele (o princípio) que dá norte inclusive para que se identifique a profanação do mesmo. Para sabermos quem está sendo um mau cristão, ou um cristão fake, recorremos aos princípios da fé.
Ao comparar o feminismo com Cristianismo as feministas estão assumindo que o movimento tem um princípio básico, e de onde ele vem senão da filosofia que deu base ao movimento? Esta existe porque uma literatura foi escrita para formá-la. E com base na literatura eu afirmo sem sombra de dúvidas que o feminismo nunca foi uma luta pela ”libertação” da mulher, ou mesmo por igualdade de direitos, mas sim, por bandeiras políticas específicas e por uma ideologia própria, que em muitas vezes difere da realidade, e da própria vontade das mulheres. Diferentes fontes deixam claro que o feminismo surgiu nos anos 1960 (segunda onda), e passou a se apropriar de conquistas anteriores (primeira onda), assim como de atos protofeministas, e usando-se de alguns princípios básicos (marxistas) formou-se como um movimento político com uma filosofia própria. Toda feminista reproduz essa filosofia, mesmo que ingenuamente, ou intenciosamente implícito em discursos de marketing, como os propagados pela ONU.
A pergunta que não quer calar é: em qual premissa as feministas se apegam para questionar que não se pode generalizar o feminismo? Usando a filosofia feminista revelada na literatura que formou o movimento, além de todas serem indiscutivelmente contra ao patriarcado que segundo o movimento é o câncer da civilização mesmo que tenha sido nosso fator civilizacional, existem princípios básicos que toda feminista repete: ”a mulher é oprimida pela sociedade — ser mulher é imposição social — homens tem mais vantagens que mulheres — aborto é direito”. Qualquer pessoa que investigue de onde vieram essas afirmações chegará em literaturas que defendem coisas absurdas, ou seja, a base da filosofia feminista é podre, logo, qualquer pessoa que defina feminismo como algo ruim está apenas apontando o que sua própria literatura revela e, não está cometendo nenhuma injustiça em concluir o que é o movimento pelo o que pregaram seus ícones. A referencia não é um indivíduo único, é o sistema de pensamento que criou o movimento, que ainda o move hoje e se revela em atos extremos de suas militantes mais convictas. Embora tenha inúmeras vertentes, ele parte de princípios básicos e se apresenta como um coletivo que reproduz uma moral e ética própria.
Muitas feministas de hoje, podem até acreditar que diferem uma das outras por levantarem bandeiras que as vezes não são as mesmas, como por exemplo o feminismo negro, mas, no geral, todas lutam por uma única ideologia e partem do mesmo princípio que no fim das contas as coloca lado a lado em uma luta política que exigirá sempre as mesmas coisas.
1 – “Homens que são acusados injustamente de estupro podem, às vezes, aprender com essa experiência.” – Catherine Comins
2 – “No patriarcado, todo filho de uma mulher é seu potencial traidor e também inevitavelmente o estuprador ou explorador de outra mulher.” – Andrea Dworkin
3 – “Todo ato sexual, e mesmo o sexo consentido entre um casal no matrimônio, é um ato de violência perpetuado contra a mulher.” – Catherine MacKinnon
4 – “Chamar um homem de animal é elogiá-lo. Homens são máquinas, são pênis que andam.” – Valerie Solanos
5 – “Todos os homens são estupradores, e isso é tudo que eles são.” – Marilyn French
6 – “Quando uma mulher tem um orgasmo com um homem ela está apenas colaborando com o sistema patriarcal, erotizando sua própria opressão.” – Sheilla Jeffrys
7 – “Eu sinto que odiar os homens é um ato político honrado e viável.” – Robin Morgan
8 – “Uma mulher que faz sexo com um homem, o faz contra a sua vontade, mesmo que ela não se sinta forçada.” – Judith Levine
9 – “Quero ver um homem espancado e sangrando, com um salto alto enfiado em sua boca, como uma maçã na boca de um porco.” – Andrea Dworkin
10 – “O homem é um animal doméstico que, se tratado com firmeza, pode ser treinado e fazer algumas coisas.” – Jilly Cooper